A conscientização sobre a urgência de diminuir os impactos das mudanças climáticas tem impulsionado a busca por soluções sustentáveis em diversos setores industriais nos últimos anos. Uma área em que essa demanda se tornou especialmente relevante é a da tecnologia da informação (TI), na qual os data centers desempenham um papel essencial. Observando essa realidade, a adoção de energia renovável nos centros de dados emerge como uma estratégia fundamental para tornar as operações empresariais mais ecológicas.
Responsáveis por armazenar e processar informações essenciais para o funcionamento de empresas e serviços digitais, os data centers consomem quantidades significativas de energia. Segundo dados do Lincoln Laboratory, do MIT, até 2030 os data centers poderão absorver até um quinto da energia elétrica gerada no mundo. Dada tamanha emergência, o emprego de energia solar, eólica e hidrelétrica, entre outras fontes limpas, permite reduzir as emissões de gases de efeito estufa associadas à operação dessas instalações, contribuindo para a luta contra as mudanças climáticas.
Explorar a eficiência energética e a sustentabilidade é fundamental para uma transformação digital responsável por meio da aplicação de fontes renováveis nos data centers capazes de diminuir os impactos ambientais e, ao mesmo tempo, oferecer vantagens econômicas e promover a inovação tecnológica.
Além dos benefícios ambientais óbvios, a transição para a energia renovável nos centros de dados pode proporcionar vantagens econômicas significativas. Com a queda nos custos de tecnologias como painéis solares e turbinas eólicas, muitas empresas estão descobrindo que investir em fontes de energia limpa pode resultar em economia no longo prazo, bem como melhorar a imagem e a reputação da marca perante os consumidores preocupados com o meio ambiente.
Embora a utilização de energia renovável em data centers seja uma tendência crescente, existem alguns desafios significativos a serem superados. Um exemplo disso é a intermitência das fontes renováveis, que pode representar um obstáculo para assegurar um suprimento de energia estável e confiável. Nesse sentido, soluções de armazenamento de energia, como baterias de íon-lítio e sistemas de gestão de energia inteligente, estão se tornando cada vez mais importantes para manter a estabilidade operacional dos centros de dados.
Outra barreira, especialmente no Brasil, ainda que o país seja um terreno fértil para o mercado de data centers, é equilibrar o alto custo inicial e as complexidades técnicas da incorporação de tecnologias verdes com a exigência de propiciar eficiência operacional e retorno financeiro em um ambiente com infraestrutura energética limitada, clima adverso e escassez de mão de obra qualificada.
No entanto, a implementação dessas soluções no segmento de centros de dados é uma questão complexa que engloba a resolução de objeções ligadas ao consumo de energia, uso de elementos renováveis, eficiência de resfriamento, gestão de resíduos e altos custos iniciais.
Ainda que a migração para essas novas práticas implique investimentos significativos e uma adaptação organizacional considerável, benefícios como redução da pegada de carbono, economia de energia e alinhamento com as exigências regulatórias e sociais por práticas mais ecológicas fazem valer todo o esforço.
A procura por iniciativas e projetos inovadores e a colaboração entre setores são fundamentais para enfrentar essas dificuldades e garantir que a infraestrutura digital do futuro seja tanto eficiente quanto ambientalmente responsável. À medida que o interesse por serviços digitais continua a crescer, obter energia renovável nos centros de dados se torna não apenas uma escolha ética, mas também uma necessidade imperativa e, pouco a pouco, o futuro dos data centers sinaliza estar cada vez mais verde.
*Davi Lopes é diretor de Secure Power Brasil na Schneider Electric