*Por Carlos Urbano
A indústria está seguindo por um caminho sem volta. No cenário atual, para ter resiliência e flexibilidade para se adaptar perante crises, tem ficado inevitável para o setor impulsionar a jornada de transformação digital e munir as operações com inteligência artificial (IA), internet das coisas (IoT), big data e tantas outras tecnologias. Por isso, as soluções pensadas especificamente para cada segmento industrial e até mesmo personalizadas para cada empresa estão ganhando força no mercado.
Nesse sentido, para se adequar cada vez mais aos diferentes desafios vividos pelas empresas – que podem variar desde o ganho de competitividade até escalabilidade e eficiência –, a tecnologia tem se moldado e se tornado essencial para o sucesso dos negócios. Pensando nisso, separei alguns exemplos de como a digitalização tem impactado os principais segmentos industriais do país e quais são as expectativas para cada um nos próximos anos.
Lifescience
Na contramão da maioria dos setores no Brasil, a indústria farmacêutica tem apresentado crescimento nos últimos dois anos. Nem mesmo a instabilidade econômica tem impedido o impulsionamento desse mercado. Nesse sentido, ainda que existam desafios para o segmento – como a mudança demográfica global, a pressão por preços mais baixos, o custo de inovação e o cumprimento das exigências regulatórias –, a tecnologia tem sido um grande vetor para a consolidação dos negócios e das operações.
Ao avançar com a digitalização – principalmente com soluções de inteligência artificial que fazem a gestão de controle e qualidade –, as empresas de lifescience conseguem certificar que seu ambiente de produção esteja em conformidade com os requisitos e regulamentações. Além disso, há o melhor aproveitamento de dados, que é, geralmente, um grande desafio para as companhias que não conseguem compreender a totalidade das informações processadas. Ainda, é possível fazer a rastreabilidade da cadeia de suprimentos e a redução do custo total com ganhos de competitividade.
Com a mudança de comportamento da sociedade, em que a saúde e o bem-estar de todos são prioridades, o segmento tende a ganhar ainda mais força e o uso de tecnologia só reforça isso. No Brasil, as expectativas são altas. Nos próximos quatro anos, a tendência é de que o país assuma a quinta posição do ranking mundial da indústria farmacêutica, liderado, atualmente, pelos Estados Unidos.
Fabricantes de máquinas – OEM
Dando sequência aos produtos e serviços tecnológicos personalizados, o segmento de OEM tem investido bastante no conceito chamado máquinas como serviço. Desse modo, a relação entre fabricante e consumidor fica ainda mais sólida e se constitui até mesmo em uma jornada na qual a experiência do cliente ganha foco total.
Nesse sentido, o segmento de OEM está em constante expansão, abastecendo tanto a indústria nacional quanto a internacional. Dividido em diversos tipos de aplicações, como elevação de carga, embalagem, manipulação e beneficiamento de materiais, a área tem ganhado força com a crescente necessidade das empresas por máquinas mais eficientes e sustentáveis.
Por isso, as indústrias de OEM têm buscado e adotado soluções de automação, robótica e softwares analíticos. Com isso, conseguem realizar o monitoramento e o acesso remoto de seus equipamentos, sabendo dados de resultados e até mesmo a necessidade de manutenção, diminuindo, assim, custos e melhorando a assertividade.
Consumer Packaged Goods – CPG
A área de bens de consumo, se comparada aos outros segmentos industriais, tende a não ter tantos impactos negativos em períodos de crise. Afinal, todos precisam de itens básicos para sobreviver. Isso não significa que o segmento não tenha tido seus desafios e não precise passar por um processo de recuperação, com novas tecnologias e investimento.
A recuperação deve ir muito além do cenário de crise. As preocupações ambientais por parte das empresas aumentaram nos últimos anos e isso tem impactado diretamente o segmento de CPG. Isso porque, com uma gama de consumidores e investidores cada vez mais conscientes e exigentes em relação a soluções sustentáveis, o segmento está tendo que se remodelar da concepção até a entrega dos produtos.
Desse modo, o setor deve investir cada vez mais em soluções de inteligência artificial e IoT que levem em consideração a preservação de recursos e garantam a gestão de qualidade e a segurança dos produtos. Toda a cadeia de produção deve se renovar com processos, logísticas e instalações sustentáveis.
Com isso em mente, acredito que o setor está no caminho certo para seu melhor desenvolvimento e a tecnologia tem grande papel nisso tudo. Soluções dedicadas para cada segmento, considerando os mais diversos gargalos e benefícios, são as principais tendências no que diz respeito à jornada de transformação digital.
* Carlos Urbano é diretor de Industrial Automation para a Schneider Electric Brasil