*Por Rafael Segrera
A Organização Meteorológica Mundial (OMM), agência da Organização das Nações Unidas (ONU), divulgou, no último dia 8, que o fenômeno natural El Niño durará até o ano que vem, com altas chances de chegar até o quarto mês de 2024. Esse fator climático é responsável pela elevação da temperatura do Oceano Pacífico, o que provoca aumento nos termômetros em diferentes regiões do Brasil. Porém, o aquecimento global tem sido o maior responsável pelos extremos que temos presenciado.
E, apesar das inúmeras pesquisas, dados e informações sobre as mudanças climáticas a que temos acesso por anos, a vivência desses casos fala muito mais alto do que as estatísticas, infelizmente. Afinal, nossa própria experiência sob a forte onda de calor vivenciada literalmente na pele Brasil afora forma um lembrete inquietante de que o aquecimento global e seus impactos em nossa vida estão cada vez mais fortes, presentes e prolongados, e com forte interferência na atividade econômica.
Outros incontáveis prejuízos foram sentidos por parte da população da Grande São Paulo ao ficarem sem eletricidade por dias, após os ventos fortes de 3 novembro em uma tempestade fora de época. Além disso, as altas temperaturas aumentaram a demanda por energia durante a semana do dia 13 do mesmo mês, o que provocou oscilações na luz em alguns bairros da capital paulista.
Então, como colocar um freio imediato e eficaz no célere avanço das mudanças climáticas? Bom, está bastante claro que a eficiência energética é a chave de ignição para empresas darem partida em projetos que promovam o uso inteligente da energia, contribuindo para a redução da pegada ambiental das próprias operações o mais rápido possível. Falo diretamente das instituições públicas e privadas, porque as considero protagonistas nesse cenário, e, como líder em uma organização na América do Sul, percebo uma certa lentidão nos meus pares de diversos setores em acelerar sua jornada de descarbonização.
Considero fortemente a eficiência energética como o caminho mais rápido a ser tomado nesse cenário, porque, para ser alcançada, ela depende apenas de: redução no uso de energia por meio da digitalização, eletrificação da economia e substituição das fontes de energia pelas renováveis. Não é preciso inventar a roda novamente, porque a tecnologia e outras ferramentas para isso já existem e estão disponíveis. De acordo com a Agência Internacional de Energia (IEA), a eficiência energética representa aproximadamente 25% a 30% do esforço total na redução de energia, sendo a circularidade econômica o principal contribuinte.
Enganam-se os líderes que ainda têm um pensamento um pouco retrógado de que os investimentos em tecnologias para aumentar a sustentabilidade de suas operações são onerosos demais. Está comprovado que eletrificar e digitalizar as operações contribuem para o crescimento saudável a longo prazo e a competitividade em vários mercados, com um retorno do investimento mais que favorável. É uma questão de tornar a pauta de descarbonização uma prioridade na mesa das lideranças.
Um bom exemplo é a fábrica inteligente da Schneider Electric em Santa Catarina, o principal polo produtivo da marca na América do Sul. Em 2022, a operação alcançou incremento de 20% em eficiência energética (a projeção, para os próximos 2 anos, é entre 30% e 35%) por meio das soluções digitais, sendo um modelo em sustentabilidade e uso consciente dos recursos naturais.
Por outro lado, é justificável que as pequenas empresas não consigam ter tantos recursos ou mesmo capital para apostar em uma modernização tão rápida. Porém, esse é um papel da esfera governamental, que deve lançar regulamentações, incentivos e outras ferramentas para apoiar o avanço da sustentabilidade em todas as empresas, assim como em suas próprias instituições.
Para frear, de fato, as mudanças climáticas, todos precisam agir juntos, setor privado e público. Eu, enquanto líder, estou fazendo a minha parte na empresa em que atuo. E você, está fazendo a sua?
*Rafael Segrera é presidente da Schneider Electric para América do Sul.